Entenda como encerrar ciclos de forma saudável!
CEPAP - Centro Paulista de Psicologia
Encerramento de ciclos, por que é tão difícil deixar ir?
Encerrar um ciclo é um processo que muitas vezes chega antes mesmo de estarmos prontos. Às vezes percebemos sinais de que algo mudou, outras vezes somos empurrados para um fim inesperado. Seja o término de uma relação, a saída de um trabalho, o afastamento de pessoas queridas ou a conclusão de uma fase da vida, encerrar um ciclo envolve movimento, perda, reorganização e, principalmente, significado.
Mesmo quando sabemos que permanecer naquele lugar já não faz bem, existe um apego que nos prende. Esse apego aparece por diversos motivos: medo do novo, sensação de fracasso, insegurança sobre o futuro, lealdades invisíveis ou até a ideia de que “deveríamos ter conseguido fazer diferente”. Mas ciclos se encerram não porque falhamos, e sim porque crescemos.
O que dói no fim?
O fim escancara várias dores ao mesmo tempo.
A dor de admitir que algo não funcionou como imaginamos.
A dor de abrir mão de uma versão nossa que já fez sentido.
A dor de se despedir do que era conhecido, mesmo que não fosse saudável.
Essas dores não significam que você está “fragilizado”, e sim que está humano. É natural passar por um período de confusão, silêncio, vontade de voltar para o que já foi. Encerrar ciclos exige coragem porque é uma experiência emocionalmente complexa, e não um mero ato racional de decisão.
Encerrar é reorganizar, não apagar
Muita gente acredita que fechar um ciclo é esquecer, bloquear, fingir que não existiu. Mas o encerramento saudável não anula a história, ele reorganiza o lugar que aquela história ocupa dentro de você. Isso significa olhar para o que aconteceu com honestidade, entender o que aquela fase ensinou, perceber o que ainda dói e permitir-se seguir com leveza.
Encerrar é dar um destino emocional ao que ficou inacabado, em vez de permanecer preso em repetições.
Como reconhecer que um ciclo precisa ser encerrado?
Alguns sinais se repetem com frequência na clínica:
- Você já não se reconhece na versão que aquele ciclo pede que você seja.
- O desgaste emocional está maior que a energia que a situação devolve.
- A culpa é constante, mesmo quando você faz o seu melhor.
- Há mais esforço para manter algo vivo do que para construir algo novo.
- A sensação de “estou estagnado” aparece com frequência.
Esses sinais não são ordens, são convites para reflexão.
O processo de encerramento
- Nomeie o que está terminando.
Dê palavras ao fim. Nomear ajuda a organizar o que o corpo já sabe antes da mente.
- Valide suas emoções.
Chateação, alívio, medo, saudade, raiva, ambivalência… Não existe emoção “errada” no encerramento.
- Honre o que essa fase representou.
Mesmo situações difíceis nos ajudam a nos construir.
- Estabeleça limites claros para o novo momento.
Encerrar sem se reposicionar abre espaço para recaídas emocionais.
- Permita-se reconstruir o próprio ritmo.
Fins cansam. O recomeço pede tempo.
Encerrar não é perder, é abrir espaço
Quando um ciclo chega ao fim, a sensação inicial é de falta. Mas aos poucos percebemos que, ao soltar o que não cabe mais, abrimos espaço para novas formas de estar no mundo. Talvez você ainda não saiba o que vai preencher esse espaço, e tudo bem. A clareza vem depois da coragem.
Encerrar ciclos é um ato de amor-próprio, mesmo que no começo pareça só dor. É escolher seguir adiante com aquilo que continua fazendo sentido e deixar ir o que já não conversa com quem você está se tornando.
Se você está passando por um encerramento, lembre-se: não há pressa para “superar”, apenas o convite para se cuidar, respeitar seu tempo e permitir que o novo se aproxime quando você estiver pronta(o).
—
Imagem: Canva
O uso de imagens serve para fins ilustrativos, não visa lucros.