Entrevista Sobre o resgate da Criança – Psicóloga Talita Simões para ACE Diadema
CEPAP - Centro Paulista de Psicologia
Os tempos modernos mudaram bastante o cenário infantil. As ruas – que eram palcos de muita diversão, amizade e socialização – hoje estão vazias. Dentro e fora de seus lares, ao observar uma criança, enxerga-se “pequenos adultos” que já não vivem mais no mundo da fantasia, como antigamente. A tecnologia divide o tempo e soma-se a diversão – centralizada nos computadores, videogames, tablets e celulares. Da personalidade, meninos e meninas precocemente vestem-se como se fossem homens e mulheres, adotando estilo musical e linguagem não tão inocentes.
Mas o que tanta transformação nestas últimas gerações podem impactar na sociedade? A psicóloga infantil do Centro Paulista de Psicologia, (em Diadema), Talita Simões, explicou que as crianças de hoje apresentam grande dificuldade em esperar, ou seja, são ansiosas e menos pacientes. Ainda, podem parecer ter mais autonomia por conta do fácil acesso à tecnologia e informação, mas o excesso disso tem dificultado a percepção das próprias emoções e as relações sociais.
“O uso excessivo de tecnologia e o modo de vida atual fazem com que crianças e adultos pensem mais, mas interajam menos. Os níveis de ansiedade aumentaram e isso faz com que eles não vivam no tempo presente, dificultando a exposição de ideias”, pontuou Talita, que acrescentou. “Além disso, percebo que algumas vezes há uma confusão em relação a limites e espaço, pois tem sido comum que as crianças busquem por informações de forma independente e, assim, adquiram conceitos externos sem orientação do que é adequado ou não para elas”.
A especialista também comentou que o excesso de cuidado e a ausência do ‘não’ para as crianças, contribuem para que na vida adulta elas apresentem dificuldades de lidar com as frustrações, o que pode influenciar no agravamento de alguns transtornos emocionais já existentes, como síndrome do pânico e depressão.
Para Talita, o ideal seria a descoberta de uma nova infância, uma mistura entre o que era no passado e o que existe atualmente.
“As relações familiares hoje são mais afetuosas, os pais estão mais dispostos a aprender e se desenvolver, são pontos favoráveis da evolução. As crianças precisam de tempo de qualidade com os pais e rotina para desenvolverem a autoconfiança e segurança, além de brincadeiras de correr ou esportes para um desenvolvimento físico saudável. Temos construções importantes no passado e no presente, por isso, acredito que o melhor é o equilíbrio dos dois tempos”, finalizou.